Nesta quarta-feira (18), seis policiais militares envolvidos em uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) que resultou na morte de dois homens na Favela do Detran, em novembro de 2023, serão julgados. A audiência de instrução e julgamento ocorre na 1ª Vara do Tribunal do Júri Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, Recife.

O Caso e as Acusações

Os PMs são acusados de terem invadido uma casa na comunidade da Iputinga durante uma operação para capturar suspeitos de tráfico de drogas. Na ação, dois homens, Bruno Henrique Vicente da Silva e Rhaldney Fernandes da Silva Caluete, foram mortos. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) afirma que as vítimas já estavam rendidas quando os disparos foram feitos. A denúncia também sugere que a cena do crime foi adulterada pelos policiais, dificultando as investigações.

O Processo Judicial

A audiência marcada para hoje prevê a oitiva de cinco testemunhas arroladas pelo MPPE e 13 testemunhas de defesa. Após essas etapas, os réus serão interrogados. O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) já havia negado a liberdade provisória dos acusados, mantendo-os no Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima. Caso condenados, os policiais podem ser levados a júri popular e até expulsos da corporação.

A Operação que Terminou em Tragédia

A ação do Bope na Favela do Detran, que começou às 19h30 do dia 20 de novembro de 2023, visava prender um suposto gerente do tráfico local. Durante a operação, as mulheres e crianças foram retiradas do imóvel antes dos disparos. Os dois homens baleados foram levados para a UPA da Caxangá, mas não resistiram aos ferimentos. A operação, inicialmente registrada como duplo homicídio decorrente de ação policial, passou a ser investigada pela Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS).

Os policiais alegaram que os suspeitos reagiram à abordagem e que, na ação, apreenderam drogas e armas. Contudo, a análise de imagens de câmeras de segurança revelou inconsistências na versão apresentada pelos PMs.

O julgamento promete ser um dos mais emblemáticos envolvendo o Bope em Pernambuco, com potencial impacto na carreira dos envolvidos e nas políticas de segurança pública do estado.

Fonte: Diário de Pernambuco