Pré-História de Minas: Crânio Contemporâneo de "Luzia" Desperta Curiosidade no Museu de Ouro Preto
Descoberta arqueológica revela segredos de 12 mil anos no Museu de Ciência e Técnica da UFOP
- Categoria: Brasil
- Publicação: 04/11/2024 17:35
- Autor: Redação
Na coluna “Nossa História, Nosso Patrimônio” de hoje, revisitamos um período surpreendente da pré-história de Minas Gerais, há cerca de 12 mil anos, quando "Luzia", o fóssil humano mais antigo do Brasil, caminhava pela região de Lagoa Santa. Apesar da quase perda desse importante fóssil durante o incêndio no Museu Nacional em 2018, o Museu de Ciência e Técnica da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) guarda um tesouro igualmente fascinante: a ossada de um homem que pode ter vivido na mesma época que "Luzia".
O fóssil, composto por um crânio masculino e fragmentos ósseos, é apresentado pelo geólogo Anderson Vital Sales, curador das exposições do museu. Segundo Anderson, a ossada foi descoberta em 1939 por membros da Sociedade Excursionista e Espeleológica, organização formada por estudantes da Escola de Minas da UFOP. Ele explica que o indivíduo teria vivido entre 10 mil e 12 mil anos atrás, embora estudos mais aprofundados ainda sejam necessários.
O crânio foi encontrado 36 anos antes de "Luzia", cuja descoberta em 1975 por uma missão arqueológica franco-brasileira em Lagoa Santa trouxe novas luzes à presença humana antiga na região. Agora, no Museu de Ciência e Técnica, o crânio e os ossos fragmentados são exibidos como parte da coleção de História Natural. O geólogo observa que ainda não há confirmação se todos os fragmentos pertencem ao mesmo homem pré-histórico.
Restauração com História
Em 1983, a paleontóloga Áurea Duarte Pereira Pinto fez uma descrição detalhada do fóssil, ressaltando o estado avançado de fossilização e o uso de cera de abelha para restaurar as partes danificadas. O crânio é dolicocéfalo, ou seja, alongado, e a arcada dentária sugere uma dieta rica em grãos. O uso de cera de abelha na restauração é destacado por Anderson Sales como uma técnica eficiente e reversível, ideal para proteger os fósseis de variações climáticas.
150 Anos da Escola de Minas e Patrimônio Cultural em Risco
O Museu de Ciência e Técnica da UFOP, instalado no prédio colonial que já serviu como Palácio dos Governadores, é parte integrante da Escola de Minas, que se prepara para comemorar seus 150 anos em 2026. Fundada em 1876 por Claude Henri Gorceix a pedido de Dom Pedro II, a instituição reúne um acervo diversificado, com setores que vão da mineração à siderurgia, e um dos mais completos acervos de mineralogia do mundo. Atualmente, o museu está fechado para obras, com a previsão de reabertura em 2026, após emissão do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros.
Enquanto isso, o patrimônio cultural de Minas segue ameaçado. A Arquidiocese de Belo Horizonte alerta sobre falsos restauradores que tentam enganar comunidades religiosas, reforçando a importância de processos legais e supervisão técnica no restauro de bens históricos.
Legado Histórico e Campanhas de Preservação
Além das descobertas arqueológicas, a Escola de Direito da UFMG, prestes a completar 132 anos, e o projeto de reconhecimento do Santuário do Caraça como patrimônio documental pela Unesco são destaques na defesa do legado histórico de Minas. A publicação do livro “Civilização e Liberdade”, que detalha a influência francesa na arquitetura mineira, reforça os laços culturais entre a França e o Brasil.
Com uma rica herança a preservar e novas descobertas a celebrar, Minas Gerais continua a surpreender, unindo passado e presente em um vasto patrimônio cultural e científico.
Fonte: Correio Braziliense