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Vereador Deoclécio Lira é Afastado da Câmara de Ipojuca por Suspeita de Operação 'Rachadinhas'

Fetta investiga crimes de peculato e lavagem de dinheiro em esquema envolvendo o presidente do Legislativo Municipal
  • Categoria: Pernambuco
  • Publicação: 05/11/2024 18:52
  • Autor: Redação

O presidente da Câmara Municipal de Ipojuca, vereador Deoclécio Lira (REP), foi retirado da carga nesta terça-feira (5) após ser alvo da Operação Fetta, que investiga um suposto esquema de “rachadinhas” no gabinete do parlamentar. A operação, coordenada pela Polícia Civil de Pernambuco, resultou na retirada de 13 comissionados ligados ao vereador e no cumprimento de 23 mandados de busca e apreensão em Pernambuco e na Bahia.

A ação, que faz parte de uma investigação da Diretoria Integrada Especializada (Diresp) e da 1ª Delegacia de Combate à Corrupção (1ª Deccor), sob a presidência do delegado Breno Maia, tem como foco crimes de peculato e lavagem de dinheiro, ocorridos dentro do Legislativo Municipal. Deoclécio Lira, que foi reeleito nas Eleições Municipais de 2024 e está conduzindo a transição de governo, é apontado como o principal articulador do esquema.

Investigações e Alvos

Segundo o delegado Paulo Furtado, a investigação teve início em janeiro de 2023, após denúncias de que o vereador se inscreveria para que os assessores devolvessem parte de sua tensão, prática conhecida como “rachadinha”. “A partir das informações, conseguimos demonstrar que ele contratava avaliadores e solicitava que eles passassem parte dos valores recebidos”, afirmou Furtado. Para dissimular a origem ilícita dos recursos, o dinheiro era transferido para pessoas jurídicas, configurando o crime de lavagem de dinheiro.

A operação foi realizada em diversos locais, incluindo imóveis em Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho, Recife, Jaboatão dos Guararapes e Juazeiro, na Bahia. Além do vereador, seu filho, Igor Lira, e o secretário-geral da Câmara de Ipojuca, Josenildo Júnior, também são investigados. Durante as buscas, foram apreendidos munições, dinheiro em espécie (cuja quantidade não foi revelada), documentos, celulares e dispositivos eletrônicos, que foram encaminhados para a sede do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), no Recife.

Ações Policiais e Envolvimento

A operação mobilizou 150 pessoas, incluindo delegados, agentes e escrivães, e contou com o suporte do Comando de Operações e Recursos Especiais (Core) e da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco. Segundo o Diário de Pernambuco, uma equipe policial também descobriu que os recursos desviados eram usados ​​para benefícios pessoais e investidos em negócios para camuflar sua origem.

Crimes Investigados

O crime de peculato, descrito no Código Penal Brasileiro, consiste na apropriação de dinheiro ou bens públicos por um funcionário que os administra, ou no desvio desses recursos para vantagem própria ou de terceiros. A pena varia de dois a 12 anos de reclusão, além de multa. Já o crime de lavagem de dinheiro, nos termos da Lei nº 9.613 de 1998, envolve a ocultação de bens oriundos de atividades ilícitas, com pena de três a 10 anos de prisão, além de multa.

Repercussão e Contexto

Deoclécio Lira, conhecido por sua influência política na cidade e por comandar importantes articulações no Legislativo, agora enfrenta uma das maiores crises de sua carreira. A operação ocorre em um momento delicado para Ipojuca, onde o vereador exerce um papel ativo na transição de governo. O envolvimento de membros de sua família e assessores próximos aumenta a gravidade das acusações.

O Diário de Pernambuco está em busca de respostas de Deoclécio Lira e da Câmara de Ipojuca sobre as acusações. O caso reforça a preocupação com práticas ilícitas em administrações públicas e destaca a importância de operações rigorosas no combate à corrupção.

Impacto Político e Administrativo

Com o afastamento de Deoclécio Lira, a Câmara de Ipojuca precisará reorganizar sua estrutura administrativa. O escândalo pode ter implicações profundas na gestão local e no cenário político do município, que enfrenta desafios relacionados à transparência e à ética no serviço público.

O investigador das investigações promete revelar mais detalhes sobre o esquema, enquanto a população de Ipojuca aguarda esclarecimentos e possíveis medidas judiciais contra os envolvidos.

Fonte: Diário de Pernambuco